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25/07/2012 - O técnico Jorge Vieira (foto), de 78 anos, morreu
vitima de um infarto na noite dessa terça-feira (24) no Rio de
Janeiro. O treinador estava internado no Hospital Prontocor, em
Botafogo na zona sul do Rio de Janeiro. O enterro ocorreu às 11
horas (de Brasília) desta quarta-feira, no Cemitério São João
Batista. Lateral de estilo
vigoroso, encerrou cedo a carreira de jogador, e aos 26 anos
estreou com sucesso na função de técnico, levando o alvirrubro
da Campos Salles ao título carioca. Em quase 30 anos de
carreira, Vieira teve uma trajetória marcada pelo comando de
grandes clubes e conquistas inesperadas no banco de reservas.
Seu primeiro título foi o Campeonato Carioca de 1960, quando
tinha apenas 26 anos, conquistado pelo América-RJ, clube do qual
era torcedor fanático. Em 1978, levou o Palmeiras ao
vice-campeonato brasileiro.
Nos anos seguintes, viveria a melhor fase de sua carreira. No
Corinthians, venceu o Campeonato Paulista duas vezes: em
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1979 e em 1983, no início da
Democracia Corinthiana. Ao todo, comandou o Timão em 147
partidas, se tornando o oitavo treinador que mais tempo ficou no
clube. Ainda na década de
80, veio mais uma conquista surpreendente: classificou a seleção
do Iraque à Copa do Mundo de 1986. No entanto, não teve a
oportunidade de dirigir a equipe na competição.
Por fim, treinou clubes como Botafogo, Vasco, Bahia, Vitória e
Fluminense, onde encerrou a carreira em 1996. Como jogador,
defendeu o Madureira e o América-MEX, se tornando bicampeão
mexicano.
Em janeiro de 2007, exerceu a sua última função no futebol, de
diretor técnico do América, sua eterna paixão.
Historico
Nascido no dia 18 de julho de 1934, ele foi o técnico mais jovem
a conquistar um título importante. Quando foi campeão carioca
pelo América, Jorge Vieira tinha apenas 26 anos. O América tinha
jogadores como o volante Amaro, o atacante Antoninho, o ponta
Nilo, o lateral Jorge, o ponta Calazans, Djalma Dias,
Quarentinha, Ari, Pompéia, Ivan e Wilson Santos, entre tanta
gente boa.
Na década seguinte, dirigindo o Botafogo de Ribeirão Preto,
Jorge Vieira conseguiu montar um belo time no Campeonato
Paulista de 1977. O Botafogo, naquele ano, foi campeão da Taça
Cidade de São Paulo, que equivalia ao primeiro turno do
Paulistão. O Pantera tinha como time-base: Aguillera, Wilson
Campos, Nei, Manoel e Mineiro; Mário, Lorico e Sócrates; Zé
Mário, Arlindo e o João Carlos Motoca.
Depois do Botafogo de Ribeirão, Jorge Vieira dirigiu o Palmeiras
em 1977 e 1978.
Em 1979, ele foi o técnico corintiano campeão paulista. O Timão
tinha como uma de suas principais peças o meia Sócrates (na
época atuava com a camisa 9), que curiosamente já tinha sido
comandado por Jorge Vieira no Botinha.
Jorge Vieira também foi o técnico do Corinthians na conquista do
Paulista de 1983. Na ocasião, ele substituiu Mário Travaglini,
que fora contratado pelo São Paulo. O Corinthians venceu a final
justamente sobre o Tricolor. O time-base alvinegro tinha: Leão;
Alfinete, Juninho, Mauro e Wladimir; Paulinho, Biro-Biro,
Sócrates e Zenon; Casagrande e Eduardo Amorim.
Jorge Vieira também dirigiu o Corinthians entre 1986 e 1987, mas
não conseguiu mais títulos no Parque São Jorge. Aceitou o
desafio de trabalhar no México e comandando o América virou uma
espécie de "Rei do México", como garante o técnico Carlos
Alberto Parreira.
Amizade com Saddam Hussein
Entrevistado duas vezes por Milton Neves, uma em 2000 na Rádio
Jovem Pan e outra em 2007 na Rádio Bandeirantes, o técnico Jorge
Vieira disse que trabalhou no Iraque (na seleção do Iraque, no
final dos anos 80) e lá fez amizade com Saddam Hussein, o mesmo
que foi enforcado no dia 30 de dezembro de 2006. Saddam havia
sido condenado à morte pelo assassinato de 148 xiitas em 1982,
quando governava o país com mão-de-ferro.
Jorge Vieira falou que o Saddam era um homem desconfiado. Por
isso, na hora de almoçar, por exemplo, pedia que seus
cozinheiros comessem a refeição (da mesma comida) antes dele.
"Era uma maneira dele saber que a comida não estava envenenada",
falou Jorge Vieira. O técnico disse ainda que Saddam falou que o
Brasil deveria ter anexado o Uruguai do mesmo jeito que ele iria
invadir o Kwait, o que acabou por realmente fazer. |