25/02/2014 - Mário
Travaglini era filho do Bom Retiro, bairro paulistano que desde
o início do século 20 sempre reuniu vários clubes de várzea e
foi o berço de fundação do Corinthians.
Assim, não foi surpresa
para ninguém quando o menino, nascido em 30 de abril de 1932,
escolheu a bola como passatempo. O talento como zagueiro
impressionou Francisco Minelli, pai do ex-treinador Rubens
Minelli, que o levou para fazer testes no Clube Atlético
Ypiranga.
Aprovado, com 16 anos
começou a jogar pelo time infantil. No dia 12 de setembro de
1953, foi lançado pelo técnico Sastre no profissional. Estreou
contra o Corinthians no Pacaembu pelo Campeonato Paulista,
partida que terminou empatada por 1 a 1. Defendeu depois
Palmeiras, Nacional de São Paulo e Ponte Preta, onde pendurou as
chuteiras em 1962, aos 29 anos.
Trabalhou depois por pouco tempo no departamento de patrimônio
da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, aproveitando-se do diploma
de economista. Mas o amor pelo futebol falou mais alto e não
demorou a voltar aos gramados na função de treinador. Também foi
gerente e supervisor de vários clubes. Solteiro e sem filhos,
morava em São Paulo, onde presidia o Sindicato dos Treinadores
Profissionais do Estado de São Paulo (Sitrefesp).
Como jogador, a maior
recordação foi ter enfrentado Pelé. "Eu costumo dizer que não o
marcava, mas sim contemplava seu futebol. Era um cara tão
fantástico que o que ele fazia com a bola é impossível
descrever". No entanto, vale ressaltar que com a bola nos pés
Travaglini fez grande sucesso especialmente com o público
feminino, que muitas vezes comparecia em massa aos estádios para
vê-lo atuar e contemplar suas pernas.
A carreira de treinador
começou em 1963 nas categorias de base do Palmeiras, onde
permaneceu até 1971 com direito a várias passagens pelo time
profissional. Treinou depois outras grandes equipes do futebol
brasileiro como Vasco (campeão brasileiro de 1974), Corinthians
(campeão paulista de 1982), São Paulo, Fluminense, Ferroviária
de Araraquara e São Bento. Dirigiu também a Seleção Brasileira,
com destaque para a conquista da medalha de ouro do torneio de
futebol dos Jogos Pan-americanos de 1979, disputado em Porto
Rico.
Mais que tudo, foi um
profissional de excelente caráter, um esportista exemplar. Com a
mesma simpatia e conhecimento de causa com o mesmo comando
sereno e dividido. Para multiplicar. "Obrigado seu Mario"!
Com informações Milton Neves |